sábado, 23 de julho de 2016

A Playlist da minha parede. Maria Luiza Vasconcelos.

            Eu to aqui, e vim com uma coisa muito fofinha da minha parte, e com vocês o novo desespero da minha vida, eu arranjei um crush... Ai vocês devem estar pensando, "ok, Lu, mas todo mundo tem um crush" bom eu não, pelo menos não um de verdade, até que esse serhumaninho (que não vou falar o nome) apareceu no meu grupo de artes, e então eu peguei meu caderno e comecei a escrever, e assim saiu a coisa mais Gay da face da terra (não levem isso no preconceito, pois não tenho nada contra).
             Então com vocês minha loucura, e espero que meu crush não saiba que esse blog existe...

            
             Não sei mais o que fazer. Isso é tão estranho pra mim, que estou começando a ficar assustada.  E quando falo o motivo, em voz alta ou em minha cabeça, me sinto tão idiota... Mas, eu não deveria gostar tanto assim de você, nunca gostei de ninguém assim, e eu apenas sei seu nome e sua idade, e mesmo assim isso ainda parece bastar para construir alguma realidade, que nunca existirá, dentro de mim.
                Nunca nem cheguei a dizer um simples “oi” e me vejo enfeitando minha parede com frases de amor, frases que me fazem acreditar que algo entre nós pode acontecer. Frases fofas e românticas rodeadas por borboletas cor de rosa que minha melhor amiga apenas consegue descrever como “Meu Deus você é muito gay...”.
                Mas talvez eu escute Ed Sheeran Demais e “Thinking Out Loud” está alimentando algo em mim quando fala “Estou pensando em como as pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas”, acho que isso deve mexer com meu psicológico de uma forma que o faz acreditar nisso, mas também mexe tanto em meu subconsciente que faz esquecer a parte “talvez apenas com o toque da mão” que consegue estragar todo o meu plano de felicidade, pois você não sabe qual é o meu nome, e eu não sei sua musica favorita.
                Porque tem que ser complicado assim, isso não acontece com minhas amigas, e olha que até elas estão entrando nessa confusão de sentimentos, e estão dividas, algumas dizem “talvez possa dar certo, ele é uma pessoa legal” já a outra metade fala “você realmente não está com esperança de dar certo, não mesmo?”, e essa segunda opção já me parece mais viável, mas então penso em que curso você tem cara de estar fazendo e a primeira opção toma o posto da antiga, embora eu saiba que se eu descobrir seu curso estará confirmado que eu estou no ensino médio e você no superior, e então novos pensamentos me invadem como “o que ele iria querer com uma garota do ensino médio que cursa edificações e nem lembra o que comeu no café da manhã?” talvez se você me conhecesse gostasse de mim, ou talvez me achasse uma stalker louca como a Clarice Falcão em Macaé “Eu queria tanto que você não fugisse de mim, mas se fosse eu, eu fugia”.
                Talvez, algum dia, eu tenha coragem de atravessar a sala de artes que dividimos todas as quintas-feiras (que é o único lugar que te vejo, e me contento tanto com isso) e falar “Oi, meu nome é Maria Luiza, mas pode me chamar de Malu, soube que você gosta de atuar, está faltando uma pessoa em nossa peça, quer entrar?” e talvez você levante os olhos do celular sorria e diga “Claro, eu gosto mesmo de atuar” e talvez algo aconteça entre nós depois desse sorriso, mas isso não acontecerá hoje, pois não tenho coragem de fazer isso, e eu não sei se algum dia terei, pois sei que tudo depende desse tal de “Talvez”, e talvez você não levante os olhos do celular, ou talvez não sorria, e talvez diga que não gosta de atuar e continue grudado no celular, então prefiro ficar aqui sentada no palco, esperando nossa professora me chamar para fazer alguma cena, enquanto escuto uma musica de amor boba que, provavelmente, irá parar na minha parece cheia de frases e borboletas, e tudo isso que acabei de escrever endereçado a você, continuará aqui, comigo, em segurança para que você não precise ler os delírios de uma adolescente de 15 anos boba.
                 E, embora tudo isso pareça uma carta de adeus como a Lara Jean faz em “Para Todos Os Garotos Que Já Amei”, ainda me pego pensando que talvez em um mundo paralelo, ou até nesse mesmo, você pode sentir alguma coisa por mim, e, se sim, não saberei, pois não perguntarei nem hoje, e nem na próxima quinta. Então prefiro voltar para minha playlist na parede, onde posso criar minha realidade, sem um talvez que me desagrade.

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