domingo, 13 de novembro de 2016

Maldita Geni! - Maria Luiza Vasconcelos

Oioi everybodys... Eu to impressionada como eu estou criativa essa semana. acho que foi dia 09/11 eu postei o conto "Uma boa Conselheira", mas a algum tempo eu já estava trabalhando nesse conto. ele é do mesmo modelo do conto "A Lua, o mar e Luiza" que também é baseado em uma música, dessa vez a música é " Geni e o Zepelim" do Chico Buarque. Mas devo dizer que esse é o conto mais triste que já escrevi, então se você está aqui pra ler algo mais engraçado, aconselho a ler outro conto, e puxa a vinheta!




                Genevieve Blanc, mais conhecida como Geni, mora em Bordéus na França. Com seus dezoito anos e cabelos pretos cacheados já foi namorada de todos do mangue até o cais e porto, seu corpo é dos errantes, dos cegos, dos retirantes, dos senhores sem saúde, é de quem não tem mais nada. Ela é uma moça tão singela que ninguém acreditaria nas palavras que acabei de escrever se não fosse pela cantiga que todas as manhãs que as pessoas da cidade cantam para ela quando a mesma põe o pé na praça:

                – Joga pedra na Geni! Joga pedra na Geni! Ela é feita pra apanhar, ela boa de cuspir, ela dá pra todo mundo maldita Geni!

                Geni mora na rua da igreja, e sempre levanta pela manhã para comprar pão, e enquanto anda até a mercearia escuta as palavras e apenas sorri em troca como se aquilo não a incomodasse. 

                Um belo dia Geni acordou pela manhã, o céu estava escuro, mas ela continuou sua trajetória até a mercearia para comprar pão. Quando chegou, notou que não ouviu a sua cantiga matinal, então olhou para praça e viu que todos olhavam para cima, um enorme balão, um zepelim, pairava sobre os edifícios da cidade, com vários canhões apontando. Todos que observavam da praça estavam paralisados, prontos para virar geleia, mas então uma escada apontou de uma das portas e um homem vestido com uma roupa de comandante desceu. Geni simplesmente voltou a olhar os pães, a espera do homem da vendinha voltar. Quando o comandante desceu o prefeito correu até ele e com um aperto de mão exagerado perguntou:

                – Olá senhor comandante, a que devo a honra de sua presença em nossa cidade?

                – Eu vim até aqui com a intensão de explodir tudo. – fala arrogante. – quando vi tanto horror e iniquidade em um lugar só, não poderia deixar passar. 

                – Minha nossa senhora! O que poderemos fazer para que o senhor mude de ideia, faremos tudo que estiver ao nosso alcance!

                – Na verdade posso evitar o drama se aquela formosa dama me servir essa noite. – ele falou apontando para Geni, que ainda estava na vendinha.

                – Essa dama é Geni? Mas não pode ser Geni! – todos sussurram. – ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer, não poderia ser Geni. – mas de fato era ela quem cativara o comandante. O prefeito de um pulo correu até Geni e a arrastou para a praça. 

                – Apresente-se, senhorita! – o prefeito falou com um sorriso forçado no rosto. Geni que não entendia o que estava acontecendo, apenas sorriu e falou:

                – Olá, meu nome é Genevieve Blanc, mas todos me chamam de Geni, a que 
devo a honra senhor comandante?

                – Senhorita Geni, uma moça tão bonita, com uma reputação ruim, mas não me importo. Como já falei ao seu prefeito, sairei com meu zepelim para longe se está noite, e apenas essa noite, a senhorita me servir. – a morena não deu resposta, apenas correu para sua casa e trancou a porta.

                – Pela falta de resposta acho que já sei o que deverei fazer senhor prefeito. – falou o comandante, indo em direção à escada de seu zepelim.

                – Não, por favor, senhor comandante. – falou suplicante – falarei com a senhorita Genevieve. Fique, pode ficar em um hotel, tudo por conta da casa. Irei falar com Geni agora mesmo. – o prefeito, antes mesmo de ouvir a resposta, correu em disparada até a casa de Geni. Todos da praça o seguiram. Então quer dizer que bondosa meretriz da cidade era a única salvação? Pensavam. Com todos em frente à porta de sua casa, Geni apenas abriu uma fresta da janela e falou.

                – Não irei aceitar deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho a cobre... Eu prefiro amar com os bichos se querem saber! – fechou a janela com um estrondo. Ao ouvir tão heresia a cidade em oração, foi beijar a sua mão. Batidas na porta. TOC TOC. Geni abre e vê em sua frente o prefeito de joelhos.

                – Vá com ele, vá Geni, você pode nos salvar, você vai nos redimir, você dá pra qualquer... – Geni bateu a porta em sua cara, deixando o prefeito falando sozinho. Outra batida na porta. O bispo de olhos vermelhos, segura a sua mão.

                – Vá com ele, vá Geni, você pode nos salvar, você vai nos redimir... – ela solta sua mão e bate a porta novamente. TOC TOC. Geni pensa seriamente em não abri-la, mas a abri mesmo assim, está em sua porta com uma maleta de dinheiro, o banqueiro da cidade.

                – Aqui tem um milhão, aceite. Por favor, vá com ele Geni. – novamente a porta bate na cara de quem está do lado de fora, ela segue para o sofá de sua sala, a porta bate novamente, mas ela a ignora desta vez. E apenas escuta a sua maldita canção de todas as manhãs, mas em uma versão aprimorada “Vá com ele, vá Geni! Vá com ele, vá Geni! Você pode nos salvar, você vai nos redimir, você dá pra qualquer um, bendita Geni!”. Com todos esses pedidos, tão sinceros tão sentidos, Geni começa a reconsiderar, “mais se eu dou pra todo mundo que diferença fará um a mais um a menos” pensou. Geni sai de sua casa e todos voam em cima dela, e ela apenas sorri, à lua aponta no céu, e então Geni segue para o hotel onde o tal amante está e ele a esperava com um sorriso no rosto. Ela não entendia com um homem tão bonito poderia ser tão cruel. Mas sorriu de volta e entrou no hotel, como quem dá-se ao carrasco. 

                A noite acabava quando o sol começava a surgiu, mas o céu ainda estava escuro quando as varredeiras da calçada viam o comandante fugindo em uma nuvem fria com seu zepelim prateado. Elas sorriam uma para a outra. Sabiam que Genevieve Blanc tinha conseguido fazer o que o soldado queria. Mas não sabiam como ela estava depois disso. E nem queriam saber. Geni tinha seus caprichos, e seu corpo era de quem não tem mais nada, e naquela noite lancinante ela realmente se sentiu suja de verdade, entregando a tal amante tão cruel e nobre. E quando abriu os olhos pela manhã, deu um suspiro aliviado, pois não mais precisaria ver o comandante novamente, se virou de lado e tentou até sorrir, mas não conseguiria voltar a dormir, pois a cidade já comemorava a partida do forasteiro com uma musica especialmente para a bondosa Geni:

                – Joga pedra na Geni! Joga Bosta na Geni! Ela feita pra apanhar, ela é boa de cuspir! Ela dá pra qualquer um, Maldita Geni!



Um comentário:

  1. Parabéns pelo conto!!! Realmente, não é uma história bonita, a da Geni. Mas essa é um das minhas músicas favoritas do Chico e confesso que vim conhecer o blog por causa do post no Instagram. Mas sério, amei o conto. E não vamos jogar pedra na Geni kk

    ateoriadaslaranjas.com.br

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